Na Câmara Federal, Especialistas
defendem cautela na exploração do gás de xisto no Brasil
Em audiência pública na Comissão de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, nesta quinta-feira, dia 05 de dezembro, o professor da Universidade Federal de Santa
Catarina Luiz Fernando Scheibe alertou, que a
exploração de gás não convencional, ou de xisto
no País deve ser submetido a uma avaliação ambiental estratégica antes de
autorizada. A avaliação, prevista legalmente, é um instrumento mais amplo do
que os estudos de impacto ambiental normalmente utilizados para o licenciamento
de empreendimentos energéticos.
O estudioso citou uma série de pesquisas realizadas
nos Estados Unidos, onde a exploração de gás de xisto tem crescido, mostrando
possíveis efeitos negativos do uso do recurso. “Há estudos mostrando que, após
primeiro ano de exploração, a produção dos poços cai em torno de 60 a 90%”,
destacou.
Também pesquisador do tema, Jailson de Andrade
lembrou que a maioria dos estudos sobre o assunto aponta a necessidade de
estudos prévios locais para exploração. Segundo ele, ainda há muita
controvérsia científica quanto à questão. - “Há um estudo da National Academy
of Science, nos Estados Unidos, que mostra que, em 241 poços de água potável na
Pensilvânia, quanto mais próximo de áreas de exploração de xisto, maior a
quantidade de metano (tóxico e inflamável) na água”, informou Jailson. “A
controvérsia na literatura é se isso já existia antes ou se é resultado da
perfuração para obtenção de xisto.”
Especialista em efeitos ambientais na prospecção do
gás de xisto, Jailson de Andrade lembrou que a Academia Brasileira de Ciência e
a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência encaminharam carta à
presidente Dilma Rousseff solicitando a suspensão da prospecção de gás de xisto
no Brasil até que haja um laboratório para se entender os seus impactos. “De
onde virá a água que será utilizada na prospecção? Para onde vai água
possivelmente contaminada? A partir dessas respostas, vamos ver se vale a pena
a exploração”, defendeu. - Segundo Jailson de Andrade, o Ministério da Ciência
e Tecnologia e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) devem definir as
bases para uma rede brasileira de pesquisadores sobre o tema.
Reportagem – Ana Raquel Macedo - Edição
– Rachel Librelon - Matéria da Agência Câmara Notícias, no EcoDebate,
- Publicado em 6/12/2013 – Reproduzido pela EcosBrasil.