sexta-feira, 28 de junho de 2013

Agrotóxicos causam impacto na fronteira agrícola da Amazônia
Pesquisa feita na USP avaliou padrões de uso por pequenos e grandes produtores.
 Os pequenos produtores estabelecidos na fronteira agrícola amazônica brasileira estão utilizando pesticidas em doses maiores, com maior frequência do que as recomendações agronômicas e, em alguns casos, de maneira inadequada para as pragas que pretendem controlar. Já os grandes produtores de soja e cana-de-açúcar da região seguem mais as recomendações agronômicas e até mesmo substituem compostos mais tóxicos para a saúde humana por outros menos danosos.
O balanço entre esses distintos padrões de uso parece ser negativo: uma pesquisa indica que os riscos de impactos de pesticidas sobre espécies aquáticas, como os peixes, aumentou significativamente. Isso porque, com a intensificação da agricultura na fronteira agrícola amazônica, elas estão sendo aplicadas em doses maiores e, apesar de serem menos tóxicas para os humanos e outras espécies de mamíferos, podem ser mais maléficas para organismos menores.
O trabalho foi feito por pesquisadores da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), do Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade de Medicina Veterinária de Viena, na Áustria, e do Instituto Alterra, da Holanda.
Os resultados da pesquisa, desenvolvida no âmbito de um projeto com apoio da FAPESP, foram publicados em um volume temático especial sobre a fronteira agrícola amazônica publicado pela Philosophical Transactions of The Royal Society.
“Observamos que os pequenos produtores na fronteira agrícola amazônica fazem uso grosseiro e descontrolado de pesticidas e, apesar de alguns grandes produtores da região seguirem as recomendações técnicas e terem substituído voluntariamente defensivos tóxicos por outros menos danosos, a ‘pegada ecológica’ desses compostos aumentou ao longo do tempo”, disse Luís César Schiesari, professor da EACH e primeiro autor do estudo, à Agência FAPESP, referindo-se ao impacto ecológico do uso inadequado de pesticida.
Os pesquisadores analisaram os padrões de uso de pesticidas por produtores de diferentes perfis na fronteira agrícola amazônica e os potenciais riscos de seu uso sobre a biodiversidade da região.
Para isso, realizaram, a partir de 2005, entrevistas com 220 pequenos produtores de frutas e verduras de quatro cidades na região central da Amazônia, na várzea do rio Solimões, e com administradores de uma fazenda de cultivo de soja de 80 mil hectares, localizada no Mato Grosso, na borda da Amazônia, e de outra propriedade, com 60 mil hectares, em processo de conversão para plantio de cana-de-açúcar, situada na região do rio Negro.
Os dados de aplicação de pesticidas, fornecidos pelos próprios produtores, revelaram que 96% dos pequenos agricultores aplicam as substâncias em suas lavouras em dose e frequência maiores do que a recomendação técnica.
Já os grandes produtores seguem mais de perto as recomendações técnicas e até mesmo diminuíram o uso de compostos mais danosos à saúde humana e ao meio ambiente, conforme a classificação de risco toxicológico e ambiental adotada pelos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.
Por outro lado, aumentaram o arsenal e a dose de pesticidas utilizados – o que elevou os riscos de danos a espécies de animais, conforme os pesquisadores observaram por meio de uma série de cálculos feitos para medir o impacto do uso inadequado dos pesticidas na biodiversidade da região.
“Constatamos que o aumento da dose e da diversidade de pesticidas utilizados pelos grandes produtores causou uma queda no risco para os mamíferos que habitam esses ambientes”, contou Schiesari.
“Em contrapartida, o risco para os organismos aquáticos aumentou até 135 vezes, conforme verificamos por meio de cálculos baseados em dados de toxicidade dos pesticidas utilizados para algas, peixes e zooplâncton [animais microscópicos que vivem em suspensão no ambiente aquático]”, afirmou.
De acordo com Schiesari, uma das explicações para essa diferença é que a categorização desses compostos segundo seus possíveis impactos à saúde humana é feita utilizando como modelo ratos de laboratório. Dessa forma, o sistema de classificação de riscos só é válido para os mamíferos.
“O risco de toxicidade apresentado por um determinado pesticida, no entanto, pode variar muito de um organismo para outro. Um composto menos danoso para ratos não apresenta, necessariamente, menor risco para peixes, aves e insetos”, comparou.
Áreas mais suscetíveis
Segundo Schiesari, as fronteiras agrícolas (regiões de conversão de habitats naturais para a agricultura) são as áreas mais suscetíveis aos impactos ambientais. Isso porque, como estão concentradas hoje em florestas tropicais – caracterizadas por grande biodiversidade –, são ambientes onde há um número maior de espécies que até então não tinham sido expostas aos riscos de práticas de manejo da terra potencialmente danosas, como o uso indiscriminado de pesticidas. São, portanto, espécies mais vulneráveis à contaminação ambiental, por exemplo.
“Em paisagens agrícolas tradicionais, muitas espécies já foram perdidas e as remanescentes podem apresentar algum nível de evolução de tolerância à contaminação ambiental não só por pesticidas, mas também por metais pesados”, disse Schiesari. “No caso das fronteiras agrícolas isso não acontece, porque há fauna e flora mais diversa, sem contato prévio com práticas agrícolas danosas.”
Os pesquisadores defendem que as fronteiras agrícolas recebam uma atenção maior de ações voltadas a promover práticas de manejo mais sustentáveis, como a regulamentação e o controle do uso de substâncias.
Reconhecidos como ferramentas importantes para a agricultura, por possibilitarem o aumento da produtividade agrícola, os pesticidas são formulados para terem efeito biológico sobre pragas agrícolas, mas podem causar danos a outras espécies, agindo sobre mecanismos fisiológicos basais e comuns a diversos organismos, conta Schiesari.
“Muitos pesticidas têm mecanismos de ação que consistem em agir sobre processos fisiológicos comuns a um vasto número de organismos – na respiração celular, transmissão de impulsos neuronais ou formação de fusos que separam os cromossomos na divisão celular, por exemplo. Dessa forma, podem ter impactos sobre diversos organismos sem nenhuma relação com a praga que o defensivo pretende controlar”, disse.
O pesquisador avalia que a minimização do risco de contaminação ambiental por pesticidas só pode ser efetivamente feita com o envolvimento de múltiplos atores, como organizações governamentais e ambientais, entre outras.
“É preciso uma regulamentação mais adequada, que leve em consideração particularidades de regiões tropicais megadiversas e, ao mesmo tempo, maior rigor no controle de uso dos pesticidas”, afirmou Schiesari.
“Os produtores têm que ter amplo acesso à educação e aos serviços de extensão rural e serem recompensados pelo governo ou pelo mercado por adotarem de forma voluntária de melhores práticas agrícolas”, disse.
“Há espaço para melhora no uso de pesticidas tanto entre os pequenos agricultores, cuja produção é familiar e voltada para abastecer a demanda por alimentos de Manaus, quanto entre os grandes produtores que, mesmo adotando práticas que não só atendem, mas até ultrapassam a legislação, ainda que possivelmente movidos por interesses econômicos, causam impactos substanciais pela escala e intensidade de produção”, avaliou Schiesari.
O artigo Pesticide use and biodiversity conservation in the Amazonian agricultural frontier (doi: 10.1098/rstb.2012.0378), de Schiesari e outros, pode ser lido na Philosophical Transactions of The Royal Society no endereço a seguir em: rstb.royalsocietypublishing.org/content/368/1619/20120378.short?cited-by=yes&legid=royptb;368/1619/20120378.
Artigo foi publicado em revista da Royal Society (divulgação)
 - Matéria de Elton Alisson, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, em 20/06/2013. Reproduzido pela EcosBrasil.
Devastação da mata atlântica extinguiu muitas espécies que faziam dispersão de sementes de grande porte
Os tucanos são importantes dispersores na Mata Atlântica
Um grupo de cientistas estudou detalhadamente a ecologia da palmeira conhecida como palmito juçara (Euterpe edulis) em 22 áreas na mata atlântica. Os pesquisadores notaram que em locais onde os tucanos haviam sido extintos há mais de 50 anos pela caça ou desmatamento, as palmeiras juçaras produziam frutos pequenos, enquanto em florestas conservadas, ainda com as aves, as palmeiras possuíam frutos de tamanhos mais variados, pequenos e grandes. O professor Pedro Brancalion, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, integrou a equipe da pesquisa, liderada por Mauro Galetti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro. O resultado do trabalho foi publicado na última edição de maio da revista Science.
“Como consequência da redução da cobertura florestal e da caça, perdemos dispersores de sementes de maior porte, sejam eles aves ou mamíferos, por serem mais sensíveis à degradação e também mais caçados pelo homem”, comenta Brancalion. Se os grandes dispersores somem das matas, sobram as aves e animais de menor porte, que não conseguem dispersar plantas com sementes grandes. “Na falta desses animais, as sementes das plantas que dependem de animais dispersores se concentram próximas à planta mãe, prejudicando a regeneração da espécie”.
O palmito juçara é bem conhecido por produzir o palmito, muito consumido na culinária brasileira e por isso hoje ameaçado de extinção. Na Mata Atlântica, o juçara é uma importante fonte alimentar para mais de 50 espécies de aves, como papagaios, sabiás, jacús, arapongas e tucanos. “Muitas aves grandes que consomem frutos são caçadas ou não sobrevivem ao desmatamento e a redução da floresta” relata Mauro Galetti.
Segundo Brancalion, se a mata não tem mais esse tipo de animal perde-se o principal dispersor dos frutos maiores, o que pode comprometer a perpetuação da espécie. “Isso resultou numa mudança genética dessas populações ao longo dos mais de cem anos de fragmentação e defaunação da Mata Atlântica, fazendo com que hoje populações de juçara em matas sem tucanos produzam sementes menores”, observa.
Coleta
O professor contribuiu com a coleta de sementes em campo e, além disso, buscou entender quais as consequências da redução do tamanho da semente para a planta. “Foram avaliadas as consequências ecológicas associadas à variação do tamanho da semente na espécie”, conta. “Então observou-se que, com a redução do tamanho, a semente fica mais vulnerável à perda d’água e corre mais riscos de morrer”.
A semente do juçara tem naturalmente alto teor de água e, se perder muito o líquido, morre rapidamente. “Da mesma forma como muitas outras espécies de florestas tropicais úmidas, as sementes de juçara não toleram a perda intensa de água, pois são adaptadas a ambientes com solo úmido o ano todo ou, pelo menos, na época de dispersão das sementes”, afirma Brancalion. “Sementes menores apresentam maior superfície de exposição, o que aumenta a intensidade de perda d’água em ambientes secos. Como as sementes de juçara são dispersas principalmente entre os meses de março a junho, período em que se inicia a estação seca, as sementes menores ficam mais vulneráveis”.
De acordo com o professor, “no cenário atual das mudanças climáticas globais, no qual tem-se observado um aumento na intensidade e duração de períodos secos em florestas tropicais úmidas, as sementes menores de juçara tendem a ficar ainda mais vulneráveis, prejudicando a perpetuação da espécie em matas sem grandes dispersores como os tucanos”. O link para o artigo é  - http://www.sciencemag.org/content/340/6136/1086.full?sid=dd1b377f-2745-4998-9814-ae3dc140fddc
Imagem cedida pelo pesquisador
Matéria de Caio Albuquerque, da Esalq / Agência USP de Notícias, publicada pelo EcoDebate, em 20/06/2013 e reproduzida pela EcoBrasil

quinta-feira, 27 de junho de 2013

PL sobre Areas na Margem de Rodovias Aprovado



Comissão de Meio Ambiente aprova florestamento nas rodovias

O relatório favorável ao PL 3.689/2012, que prevê o florestamento das faixas laterais das estradas e rodovias do País foi aprovado nesta quarta-feira, 19, na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CMADS, da Câmara dos Deputados.

Ao defender a proposta, o relator na CMADS, deputado Dr. Paulo César (PSD/RJ), afirmou que um amplo programa de plantio de florestas seria a melhor destinação para estas áreas. “Florestas plantadas ao longo das rodovias poderiam, em muitos casos, funcionar como corredores de fauna e flora entre áreas naturais e unidades de conservação, além de contribuir para a conservação da biodiversidade brasileira e para a economia local” afirmou o deputado.

Segundo a proposta o serviço poderá ser feito diretamente pelo Poder Público ou por meio de parcerias com o setor privado. O projeto especifica ainda, que o plantio deve considerar a segurança do trânsito, o controle na propagação de incêndios e erosão, a conservação da biodiversidade, e ainda a produção de alimentos.

Para o deputado Irajá Abreu (PSD/TO), autor do projeto, as estradas e rodovias brasileiras são desprovidas de vegetação arbórea, devido ao processo de construção das rodovias. “A vegetação nativa é em geral retirada, não apenas no espaço da obra em si, o que é necessário, mas também nas faixas laterais. Áreas desvegetadas ficam sujeitas a erosão, ao assoreamento e a contaminação dos cursos d’água”, acrescentou o deputado.

A matéria segue agora para análise das Comissões de Viação e Transportes, Finanças e Tributação e Constituição, Justiça e Cidadania.

 Brasília, junho /2013 - Fonte: Assessoria de Imprensa da Comissão de Meio Ambiente – CMADS, da Câmara dos Deputados.

PL Amplia Participação Social nas UCs no Congresso

Projeto fortalece participação popular na criação e alteração de unidades de conservação

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – CMADS, da Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (26) o substitutivo do deputado Márcio Macêdo (PT/SE) ao PL 1.962/2007 que altera o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, que á  Lei nº 9.985/2000.  

De acordo com a nova redação, o processo de consulta pública é obrigado a fornecer informações completas, por meio da Internet, no órgão ambiental local do Sisnama sobre as reuniões de audiência pública a serem realizadas sobre a criação ou alteração da área protegida.

Atualmente, o princípio da lei do SNUC é o da participação social na criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação e a proposta em analise busca aperfeiçoar essa integração entre sociedade e poder público.

Pelo novo PL, qualquer criação ou redução do grau de proteção ambiental deve ser acompanhada de estudos técnicos e de audiências públicas. Além disso, ouvir a população da região na qual pretende criar uma unidade de conservação é fundamental para garantir a real integração entre meio ambiente e sociedade.

O substitutivo prevê também a dispensa de consulta pública para criação ou alteração de Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN, Estação Ecológica ou Reserva Biológica pelo fato de que esse tipo de unidade de conservação não impõe desapropriação nem restrições ao uso do solo em áreas vizinhas.

O projeto segue agora para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados.

Brasília, 27/06/2013 - Fonte: Assessoria de Imprensa da Comissão de Meio Ambiente – CMADS, da Câmara dos Deputados.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Audiencia sobre as Abelhas na Camara Federal

Audiência Publica sobre Mortandade das Abelhas na Câmara Federal 
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara Federal realizará Audiência Pública no Congresso Nacional nesta próxima quarta feira, dia 04 de julho, as 9:30hs, para tratar do Alto Índice de Mortandade das Abelhas devido ao uso de Agrotóxicos na agricultura brasileira. 

Conforme vem sendo fartamente noticiado pela mídia, a mortandade de abelhas está disseminada pelo mundo e não poupa o Brasil. As consequências disso podem afetar pesadamente a segurança alimentar, uma vez que as abelhas, principalmente as silvestres, são responsáveis pela polinização de cerca de 70% das culturas que respondem por 90% da oferta global de alimentos.

Desta Audiência iram participar representantes do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, do Centro Nacional de Pesquisa de Soja da Embrapa da Embrapa, das Faculdade de Medicina da USP e da Universidade da Bahia -UFBA, da Confederação Brasileira de Apicultura – CBA, e da Andef - Associação Nacional de Defesa Vegetal. A Audiência poderá ser seguida ao vivo pela internet, pelo site http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/cmads
25/06/2013 - Texto Mauricio Laxe- EcosBrasil

terça-feira, 25 de junho de 2013

Criada SubComissão sobre a Seca na Camara Federal

Câmara Federal cria Subcomissão de Desenvolvimento do Semi Arido e Convivencia com a Seca

A Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal, aprovou na ultima semana, a proposta do Deputado Fernando Ferro, PT/PE, que cria a Subcomissão Especial de Desenvolvimento Sustentável do Semi-Árido e Convivência com a Seca no Congresso Nacional, com o objetivo de promover iniciativas políticas integradas, que possam dar um enfrentamento mais contundente aos problemas advindos do fenômeno da seca no Nordeste e para promoção do desenvolvimento sustentável na região.

Infelizmente, ás várias políticas publicas voltadas para a solução dos problemas sociais, ambientais e econômicos da região, continuam atualmente sendo implementadas sem que haja um processo de articulação interinstitucional e permanente, entre os órgãos públicos, inclusive entre os federais e estaduais, nem tão pouco, atuam objetivamente para a implantação de ações para a convivência com a seca e o desenvolvimento sustentável da região

As concepções e as iniciativas para promoção da sustentabilidade do Semi-árido e de convivência com a seca, ainda não foram suficientemente internalizada nos programas e ações governamentais. A própria seca na região semi-árida, que é um fenômeno cíclico, e quem tem se agravado com a destruição da caatinga e com a expansão dos processos  de mudanças climáticas, só passou a ser consi­derada como problema relevante nas ultimas décadas. 

Esta visão parcial do Semi-árido, vem conduzindo a anos, a adoção de soluções fragmenta­das, cujo núcleo gerador é um equivocado conceito de combate à seca e aos seus efeitos imediatos com ações emergenciais. Para mudar esta situação que merece um tratamento político mais abrangente, a criação desta Subcomissão poderá efetivar um papel estratégico na busca de soluções para os problemas socioambientais relacionados a seca na região nordestina.

25/06/2013 - Texto: Mauricio Laxe / EcosBrasil

Projeto inclui sustentabilidade ambiental entre requisitos para licitações

A Câmara analisa o Projeto de Lei 5008/13, do senador Jorge Viana (PT-AC), que determina o cumprimento de requisitos de sustentabilidade ambiental em licitações públicas.
A proposta, que altera a Lei de Licitações (8.666/93), cobra a comprovação de atendimento de requisitos de sustentabilidade ambiental, conforme definição do edital, sempre que a obra, serviço ou produto licitado envolver potencial dano ambiental, seja por sua natureza ou sua localização.

Essa comprovação terá de ser feita por laudos técnicos ou certificações fornecidos por empresas habilitadas e que deverão tratar de diversos indicadores de capacitação técnico-ambiental do licitante para a execução do objeto da licitação. Entre eles, o projeto prevê:
  • utilização de técnicas e procedimentos que reduzam a degradação ambiental;
  • respeito às normas técnicas relacionadas à preservação da biodiversidade e do ecossistema;
  • comprovação de experiência anterior na elaboração de projetos ou na execução de obras ou serviços ambientalmente sustentáveis;
  • e comprovação de possuir, em seu quadro profissional, técnicos que possuam formação específica ou habilitação ao desenvolvimento de atividades ambientalmente sustentáveis.
Preferência
O projeto determina também que bens e serviços com certificação ambiental emitida por entidade reconhecida pelo Inmetro terão preferência em caso de empate na licitação. Esse será o quarto critério de desempate a ser adotado. Atualmente, a legislação prevê que seja assegurada preferência, sucessivamente, aos produtos produzidos no País; produzidos ou prestados por empresas brasileiras; e produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País. “No atual contexto de mudanças climáticas e profundas alterações no equilíbrio ambiental em todo o mundo, as compras governamentais têm se mostrado um eficiente mecanismo para promover o desenvolvimento, bem como uma maior conscientização e preservação do meio ambiente”, argumenta o senador.

Segundo Viana, isso ocorre “porque as compras públicas têm a condição de dinamizar a economia e movê-la de acordo com a tendência demonstrada pelas políticas públicas em virtude do grande volume de aquisições, passível de promover ganhos de escala significativos para os empresários”.

Tramitação
O projeto tramita apensado ao PL 1292/95, do Senado, que fixa prazo de oito dias para que o vencedor de uma licitação avise o Poder Público que realizou subcontratações para executar o serviço. As propostas terão de ser analisadas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania antes de seguir para o Plenário.

Íntegra da proposta:PL-5008/2013

25/06/2013 - Câmara Noticias

domingo, 23 de junho de 2013

DESASOSSEGO DAS RUAS
               Jovens nas ruas protestando contra injustiça, corrupção, violência e políticos sociais, devem ser tratados como sinal de vida. A Democracia não é um regime do sossego, de harmonia plena. A democracia é um sistema de conflito de interesses e de suas mediações, portanto, nem podemos ver estas manifestações como a rebelião total, nem podemos desconhecer que algo está errado, algo está faltando.
O sentido geral do movimento não pode ser medido por ações de vandalismo de pequenos ou micros grupos, que radicalizados, aproveitam estes momentos para explodir suas intenções. O que começou com uma crítica justa ao sistema de transporte, que sendo público, é majoritariamente controlado por interesses e políticas de grupos privados, que juntos são responsáveis pelo preço caro e de um serviço de baixa, muito baixa qualidade do nosso sistema “Público” de Transporte. Mas, o grito toma outra dimensão, alertando-nos para as prioridades da sociedade brasileira, como a educação e a saúde que são de reconhecida deficiência.
            É importante localizar alguns episódios deste dia, um grito latente de parte da sociedade que desperta para seu justo direito de exigir melhor qualidade de vida, melhores políticas, melhores investimentos e avanços na cidadania. A tentativa de invasão do Congresso e de Casas Legislativas, dá sequência à outros episódios recentes, como a invasão do plenário da Câmara pelos índios, que protestavam contra a ameaça de alterar a política de demarcação de terras no Brasil, bem como no passado, a invasão do mesmo  ambiente pelos trabalhadores rurais do MLST e vários estudantes em 2006.
            Não estranho este novo episódio, mais cedo ou mais tarde isto iria acontecer. A agenda do Congresso tem sido as prioridades dos grupos econômicos, dos ricos do Brasil. Os interesses sociais estão sendo deturpados, como na criminosa legislação ambiental, pretendida pelos ruralistas, ou em legislações intolerantes e preconceituosas em relação a costumes e ou interesses religiosos. Este recado dado pelos jovens, ou melhor, este “conselho” dado pela juventude, é que deve ser ouvido pelas autoridades e por todos que tenham responsabilidade social e com a democracia.
            Os protestos contra as coberturas destorcidas das mobilizações, como os feitos principalmente pela Globo e seus seguidores, foi também um recado direto aos interesses dos (mercado) grupos econômicos, que tentam impor uma opinião e seus interesses contra a maioria da população. Outra variante destes gritos é a rejeição a presença de partidos nos atos. Há de fato um hiato entre partidos de esquerda e essa militância emergente, já os partidos de direita por natureza, tem sempre um desprezo pelo grito rebelde dos jovens.
O ruim nisso, é que partidos como o PT, não tenham estimulado a formação política, o debate e a temática da juventude, nas suas ações programáticas e na sua organização. Numa sociedade complexa e ampla como a nossa, nem todas as bandeiras devem vir de partidos. É na luta que surgem novos atores políticos, sociais, ambientais, de costumes e valores, etc. O recado está dado também contra os gastos públicos com a Copa e a prioridade dos gestores  públicos.
            Por isso é mais do que justo que a proposta de 100% dos royalties do petróleo para educação. Além disso, é hora do Congresso observar a agenda política e social de sua atuação. Também é bom alertar aos oportunistas que querem ver nestas mobilizações, espaços para desgastar o governo ou tirar dividendos eleitorais futuros. 
            Há uma onda contra a “Política” e ao mesmo tempo há um processo de politização da sociedade nesses jovens, que saem das redes sociais e ganham as ruas. Não devemos temer o grito das ruas!!! pelo contrário, devemos saudar essa geração que está debutando na militância e assumindo papel político e social, e ao mesmo tempo, está tendo o aprendizado das ruas de uma sociedade capitalista e sua luta de classes, seus conflitos e confrontos. Viva a rua, “a maior arquibancada do Brasil !!!”.
Autoria - Fernando Ferro - 18/06/2013

segunda-feira, 10 de junho de 2013

EcosBrasil denuncia transformação de Unidades de Conservação do Recife em Projetos Urbanísticos

Foi em Audiência Pública da Câmara de Vereadores do Recife, no dia 05 de junho de 2013, que a ECOSBRASIL denunciou a publicação de decretos de "regulamentação" de Unidades de Conservação, que tranformam estas áreas protegidas em áreas voltadas para projetos de hotéis, prédios (torres) de apartamentos e condomínios fechados. Os decretos "regulamentam" a construção em 17 das 24 áreas protegidas da cidade do Recife. O problema veio inicialmente a público quando a EcosBrasil denunciou esse mesmo tipo ocupação na Ilha do Zeca (ao lado do estádio do Sport Clube do Recife). A ECOSBRASIL mais uma vez está atenta a questões voltadas a defesa do meio ambiente, da cidade e de sua população. Ver matéria publicada no Jornal do Commercio do dia 06 de junho, abaixo: