terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Novo Codigo de Mineração é uma afronta Ambiental



Código de Mineração: Alerta de que texto é omisso na questão ambiental
Participantes de audiência pública sobre o novo Código de Mineração, realizado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável afirmaram que o texto é omisso em relação ao tema meio ambiente. 

O consultor do Ibase, Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, Carlos Bittencourt, afirma que na última década triplicou a exploração mineral no Brasil e isso traz reflexos ambientais irreversíveis. Ele deu três exemplos desse impacto: para a atividade mineral foram usados 5 quatrilhões de litros de água em 2012, o equivalente ao consumo de oito cidades do tamanho do Rio de Janeiro no mesmo período. Segundo ele, a metalúrgica Albrás, do Pará, para produzir 432 mil toneladas de alumínio usou mais energia elétrica do que a necessária para atender as cidades de Belém e Manaus.

"O principal problema que a gente tem apontado é o completo silêncio que tem havido com relação aos aspectos sócio-ambientais. Mesmo o código de mineração feito no tempo da ditadura, digamos assim, quando ainda não tínhamos nem a Rio 92, você não tinha um debate consolidado sobre as questões ambientais; mas o atual Código já tratava por exemplo, da proteção das fontes de água, dos impactos de vizinhança e tudo o mais. E hoje, esse código, na verdade, sequer menciona essas questões, então do nosso ponto de vista deveria ao menos incorporar diversos pontos sócio-ambientais que não estão colocados ali."

O assessor da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Marcel Stenner, afirma o contrário. "A legislação atual tem pouco tratamento para a questão ambiental. A legislação proposta pelo governo aborda várias das questões, dá tratamento, cria a questão da responsabilidade do agente minerador sobre eventuais danos e impactos ambientais e estabelece condições para que a gente venha a garantir o cumprimento dessas áreas para que ele possa se manter atuando no setor de mineração."

O coordenador de Mineração e Obras Civis do Ibama, Jonatas Souza da Trindade, apresentou um estudo técnico ainda não aprovado pelo órgão, que aponta a necessidade de o código seguir o modelo de outras formas de licenciamento, como as dos setores hidrelétrico e rodoviário, em que o planejamento ambiental é feito antes do licenciamento ambiental. "Tecnicamente isso melhora e qualifica o processo de licenciamento ambiental. Esse é um entendimento técnico que ainda não foi aprovado, mas é um possivel encaminhamento."

O advogado do Instituto Socioambiental, Raul do Valle, defendeu que a proposta crie o zoneamento de áreas de mineração e a criação de um seguro-ambiental. Ele afirma que a proposta será votada sem o devido aprofundamento do debate. "O projeto foi feito durante quatro anos a portas fechadas no Executivo e agora veio para o Congresso com noventa dias para ser aprovado. Ele vai regular o Brasil dos próximos 50 anos. Então ele não pode ser discutido em 90 dias."

O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho, do PV do Maranhão, afirma ter mais de 20 emendas ao novo código, tratando de aspectos sócio-ambientais. "Quero dizer que o sentido geral desse código, do jeito que veio a proposta, não é favor da sociedade, é a favor das empresas. Isso que temos que inverter esse sentido." O Deputado defende condicionantes para que os lucros das empresas sejam limitados pela segurança ambiental. As emendas serão analisadas pelo relator Leonardo Quintão, do PMDB do Rio de Janeiro. A proposta deve ser analisada pelo Plenário nas próximas semanas.

Fonte: Rádio Câmara, De Brasília, Luiz Cláudio Canuto. Reprodução EcosBrasil