NASA: aquecimento global pode ser
até 20% maior do que estimado
Novo estudo da agência espacial norte-americana
afirma que desaceleração recente no aumento das temperaturas é um episódio
passageiro e que o cenário é pior do que se pensava
Uma nova pesquisa da Administração Nacional da Aeronáutica e do
Espaço dos Estados Unidos, a NASA, revelou nesta terça-feira (11) que, apesar
da desaceleração no aquecimento global registrada nos últimos anos, o clima da
Terra continuará a aquecer neste século, e a uma taxa acima das previsões
anteriores.
O que
costuma se chamar de desaceleração no aquecimento global é o fato de que, nos
últimos 15 anos, a velocidade do aumento das temperaturas diminuiu. Simulações
sugerem que o aquecimento deveria ter continuado em um ritmo médio de 0,21ºC
por década entre 1998 e 2012, mas o que se observou é que o fenômeno durante
esse período foi de apenas 0,04ºC por década.
Contudo,
o novo estudo indica que, mesmo levando em conta a atual desaceleração, o
aquecimento global pode ser até 20% maior do que o estimado anteriormente. O
motivo dessa nova previsão é que, de acordo com a NASA, as pesquisas anteriores
não consideravam apropriadamente os aerossóis, partículas emitidas na atmosfera
que podem ter um efeito de resfriamento sobre o clima. Pensava-se que os
aerossóis tinham um efeito uniforme em todo o globo, o que, segundo o novo
estudo, é incorreto.
Dessa
forma, o trabalho aponta que o Hemisfério Norte tem um papel ainda maior no
aquecimento global, visto que, além de emitir mais gases do efeito estufa
(GEEs) do que os países do Hemisfério sul, também emite mais aerossóis, que
apresentam o tal efeito resfriador.
“Uma das
razões da influência desproporcional do Hemisfério Norte, especialmente no que
se refere ao impacto de aerossóis, é que a maioria dos aerossóis é emitida das
regiões mais industrializadas, ao norte do equador”, explicam os autores.
Mas
então, se essas partículas ajudam a ‘resfriar’ o planeta, elas não ajudariam de
fato a reduzir o aquecimento global? Essa parece ser a consequência óbvia, mas
os pesquisadores dizem que não funciona bem assim.
Drew
Shindell, principal autor do trabalho, mostrou que, embora em curto prazo essas
partículas tenham o efeito de resfriamento, em longo prazo elas não fazem muita
diferença. E é por isso que as estimativas de aquecimento global apresentaram
um aumento: a desaceleração que estamos vivenciando agora pode ser
potencializada pelas partículas, mas não deve durar para sempre. Até 2050, por
exemplo, a diferença deve ser muito pequena.
“Gostaria
que pudéssemos ter algum consolo com a desaceleração na taxa de aquecimento,
mas todas as evidências agora concordam que o futuro aquecimento provavelmente
caminhe em direção às nossas mais altas estimativas, então está mais claro do
que nunca que precisamos de rápidas reduções de emissões para evitar os piores
danos das mudanças climáticas. Gostaria que não fosse assim, mas o prevenido
vale por dois”, concluiu Shindell.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil em 02/3/2014,
com Texto de Jéssica Lipinski, do CarbonoBrasil, matéria reproduzida pela EcosBrasil